segunda-feira, 4 de maio de 2009

O tigre morreu
afogado em litros
de otim
o boiadeiro em ti
luz enfraquecida
boiando
na enchente de fraquezas

O teu Orixá
distante um ano-luz
do teu ori
teu bara afogado
no sangue cristão...

O quê fazer?
Encontrarás no selvagem
concreto da cidade a
caça que roubaram
da África desnuda
de ti?

Que dor tão
grande esta que
me abate saindo
do teu olhar estremecido
que me deixa mudo
e
sem forças para
alegrá-lo nesta noite
onde os bebês choram
pesadelos antigos
aferrados numa corrente
de gemidos marítimos?

Oh palavra-calmante
que eu não sei de
onde buscá-la
Torço e retorço
um terço novo em
minha língua áspera
que muda permanece
embalsamada pela
ignorância voraz

Oh língua
coração salgado
de guloseimas de respostas...
Dormente por
onde nenhum trem passa
a não ser o silêncio da
foto de meus olhos
embassados
de som e fúria e
o nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Negrafias 02 Literatura e Identidade

Negrafias 02 Literatura e Identidade
Antologia de poetas negros