As palavras estão
como cercas
em nossos braços
Precisamos delas.
Não de ouro,
mas da Noite
do silêncio no grito
em mão feito lança
na voz feito barco
no barco feito em nós
no nós feito
eu.
No feto
que se avizinha
negro e indolor
Sim.
20 de novembro
é uma canção
guerreira.
(Do livro Memória da Noite, com novas alterações)
Destina-se a publicar poemas pessoais e comentários sobre poesia afro-brasileira e afins.
sábado, 20 de novembro de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Espanto
O espanto do disparo
em minha boca é
machado bisturi
um milhão de volts
Meus dentes
no mundo
O espanto do disparo
em meus ouvidos é
um trovão
surdo atabaque é
o clic de um
poema.
E digo "espanto"
como quem diz "morreu"
o irmão o pai a mãe,
de alguém incerto e não
sabido, não um poeta
distante.
E o que é um poeta distante
senão distâncias passadas a limpo
em palavras
-a sua poesia?
em minha boca é
machado bisturi
um milhão de volts
Meus dentes
no mundo
O espanto do disparo
em meus ouvidos é
um trovão
surdo atabaque é
o clic de um
poema.
E digo "espanto"
como quem diz "morreu"
o irmão o pai a mãe,
de alguém incerto e não
sabido, não um poeta
distante.
E o que é um poeta distante
senão distâncias passadas a limpo
em palavras
-a sua poesia?
sexta-feira, 16 de abril de 2010
TRISTESSE
Quando a lágrima cai
como um ráio
em dia de brigadeiro
vira
um oceano
em meu rosto
Às vezes um fio
de navalha
sulcando minha cara
esfacelada pela surpresa
Às vezes, um rio
de sal quente
incrustando-se no
canto de minha boca
pororocas mil de
sentimentos assenzalados
Outras vezes,
catarata ou
pedra rolando na
face despreparada
trazendo um mar de fel
em língua inculta
laço eterno
em minha garganta
Ou, então, rio subterrâneo em
minha pele mulata-índia-de-negro
jorrando do redemoinho
náutico
cantares, sopros, rezas
para minha alma perdida
de mim:
- Negritude.
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