A SUA CARA
A sua cara
me diz que
eu não devo
me dizer belo
Que me assente
assim desnudo
de mim
com essa alma
branca quatrocentona
varrendo do meu corpo
a melanina da noite
que me cobre
de cobre
A sua cara me diz
pelos seus olhos
o desdém do meu
hálito novo
sem o cheiro
subserviente de
correntes enxarcadas
de suor e sal
e do seu mando
A sua cara é
só espanto
dos escombros das
certezas coloniais
e
que não me assusta pensar
no escondindinho do porão
-deste navio à deriva de mim-,
um novo canto de sol
aonde as sabiás façam
coral com minha alegria
de me verem
neste espelho iluminado
da precisa poesia
Nenhum comentário:
Postar um comentário