sexta-feira, 16 de abril de 2010

TRISTESSE

Quando a lágrima cai
como um ráio
em dia de brigadeiro
vira
um oceano
em meu rosto

Às vezes um fio
de navalha
sulcando minha cara
esfacelada pela surpresa

Às vezes, um rio
de sal quente
incrustando-se no
canto de minha boca
pororocas mil de
sentimentos assenzalados

Outras vezes,
catarata ou 
pedra rolando na
face despreparada
trazendo um mar de fel
em língua inculta
laço eterno
em minha garganta

Ou, então,  rio subterrâneo em 
minha pele mulata-índia-de-negro
jorrando do redemoinho
náutico
cantares, sopros, rezas
para minha alma perdida
de mim:

- Negritude.


Um comentário:

  1. Satisfação imensa em ter mergulhado, ainda que brevemente, nesse universo de poesia cortante, contundente. Belos poemas.

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